A melodia era
escutada por toda a vila, todas as noites, quando a lua se estendia perante todos,
o homem misterioso pegava seu violino e o tocava graciosamente. As pessoas da
vila esperavam ansiosamente pela próxima noite para poder escutar a musica,
mas, embora apaixonadas pelo magnífico som, nunca se aproximavam, pois ninguém sabia
quem era aquele misterioso homem, temendo o desconhecido.
Todas as noites a
melodia era tocada, e todos da vila a apreciavam, embora fosse ao conforto de
suas casas, sem nunca falar com o homem, porém, numa noite de domingo, uma
chuva forte caia, ninguém esperava que o homem fosse tocar com um temporal
daqueles, mas ao chegar a hora, a melodia foi ouvida, com o mesmo tom de
sempre, mesmo com o tempo daquele jeito, todos escutaram a musica, o que ajudou
a acalmar as pessoas pelo tempo estar péssimo.
Na noite seguinte,
novamente choveu muito forte, o povo estava em duvida se o homem iria aparecer
naquela noite, e para a surpresa de todos, ele apareceu, tocando com a mesma
força que havia tocado todos os dias, para a felicidade de todos.
E na terceira noite,
todos esperavam que ele aparecesse, mesmo que a chuva estivesse mais forte que
a anterior, quando chegou a hora, o homem apareceu e começou a tocar, mas desta
vez, uma melodia diferente, ele tocava com certo tom de tristeza, todos que
escutavam sentiam o abatimento vindo da tal sinfonia, e no momento em que a
musica cessou, a chuva seguiu o mesmo caminho, como se fossem ligadas.
Na noite do quarto
dia, o homem apareceu, porém, não tocou, o que deixou os moradores da vila
frustrados, nesta noite não choveu.
Quando chegou a manhã
do quinto dia, as pessoas saíram de suas casas e foram em direção ao lugar onde
o musicista costumava a aparecer, e para sua surpresa, o violino estava
quebrado, com um papel em cima, uma carta, na qual dizia:
“Sob o luar e a chuva
eu toquei, esperando que vocês gostassem de minha melodia, embora eu nunca
soubesse, nunca vieram a mim pedindo que eu tocasse uma a mais, ou para me
dizer que gostavam de minha composição, mas a culpa não era inteira de vocês,
eu nunca consegui me aproximar de ninguém, eu sempre me senti sozinho, mas não
tinha confiança suficiente para falar com vocês, então, resolvi tocar, para que
vocês soubessem que eu queria ter sua amizade, mas ninguém veio mesmo na chuva,
quando eu mais precisava que alguém sentisse pena deste pobre homem, então, por
meio desta, eu reconheço o meu fracasso, e parto para outro lugar, um lugar
onde sei que serei bem-vindo.”
Nunca mais foi-se
escutada a melodia, nunca mais foi-se escutado o pobre musicista.