sexta-feira, 29 de agosto de 2014

O Musicista

 A melodia era escutada por toda a vila, todas as noites, quando a lua se estendia perante todos, o homem misterioso pegava seu violino e o tocava graciosamente. As pessoas da vila esperavam ansiosamente pela próxima noite para poder escutar a musica, mas, embora apaixonadas pelo magnífico som, nunca se aproximavam, pois ninguém sabia quem era aquele misterioso homem, temendo o desconhecido.

 Todas as noites a melodia era tocada, e todos da vila a apreciavam, embora fosse ao conforto de suas casas, sem nunca falar com o homem, porém, numa noite de domingo, uma chuva forte caia, ninguém esperava que o homem fosse tocar com um temporal daqueles, mas ao chegar a hora, a melodia foi ouvida, com o mesmo tom de sempre, mesmo com o tempo daquele jeito, todos escutaram a musica, o que ajudou a acalmar as pessoas pelo tempo estar péssimo.

 Na noite seguinte, novamente choveu muito forte, o povo estava em duvida se o homem iria aparecer naquela noite, e para a surpresa de todos, ele apareceu, tocando com a mesma força que havia tocado todos os dias, para a felicidade de todos.

 E na terceira noite, todos esperavam que ele aparecesse, mesmo que a chuva estivesse mais forte que a anterior, quando chegou a hora, o homem apareceu e começou a tocar, mas desta vez, uma melodia diferente, ele tocava com certo tom de tristeza, todos que escutavam sentiam o abatimento vindo da tal sinfonia, e no momento em que a musica cessou, a chuva seguiu o mesmo caminho, como se fossem ligadas.

 Na noite do quarto dia, o homem apareceu, porém, não tocou, o que deixou os moradores da vila frustrados, nesta noite não choveu.

 Quando chegou a manhã do quinto dia, as pessoas saíram de suas casas e foram em direção ao lugar onde o musicista costumava a aparecer, e para sua surpresa, o violino estava quebrado, com um papel em cima, uma carta, na qual dizia:

 “Sob o luar e a chuva eu toquei, esperando que vocês gostassem de minha melodia, embora eu nunca soubesse, nunca vieram a mim pedindo que eu tocasse uma a mais, ou para me dizer que gostavam de minha composição, mas a culpa não era inteira de vocês, eu nunca consegui me aproximar de ninguém, eu sempre me senti sozinho, mas não tinha confiança suficiente para falar com vocês, então, resolvi tocar, para que vocês soubessem que eu queria ter sua amizade, mas ninguém veio mesmo na chuva, quando eu mais precisava que alguém sentisse pena deste pobre homem, então, por meio desta, eu reconheço o meu fracasso, e parto para outro lugar, um lugar onde sei que serei bem-vindo.”


 Nunca mais foi-se escutada a melodia, nunca mais foi-se escutado o pobre musicista.